"Candabul"
Ofélia, uma bela
e formosa moça, a todos encantava com sua beleza, morava, com seus pais na
Quinta de Don Álvaro, em uma residência rústica, onde cultivavam uvas. Naquele
ano, apesar do plantio, não houve colheita. Assim, Don Àlvaro preocupado buscou
ajuda na paróquia, fizeram novenas e orações, mas não obteve resultado. Então,
veio a saber de Matacabel, uma espécie de mágico feitiçeiro que andava por
aquelas bandas. Tinha fama de resolver problemas, o homem que fazia chover.
Assim, com seus
feitiços, obtiveram uma boa colheita, ao mesmo tempo, despertou o medo entre os
inocentes camponeses que ficaram com receio de sua fama de bruxo.
Então, Matacabel
pode descansar, com moedas de ouro, mesa farta, vinho, festas e cantorias. Foi
então que seus olhos observaram Ofélia, a bela e formosa jovem, que o encantou.
No entanto, seus pais, não ficaram satisfeitos com o interesse do bruxo, já de
meia idade, pela filha, ao qual sabendo dos seus dotes, na idade de se casar,
apesar da origem humilde.
Diante da
situação, a eminente recusa dos pais, já estando apaixonado pela jovem, não
teve dúvidas sobre os seus sentimentos, passou por cima da vontade dos pais,
até mesmo da própria Ofélia, que não se deixou iludir por seus
encantos. Matacabel, envolvido pela ilusão do amor, raptou Ofélia.
Então, a levou
para o cativeiro. Não lhe ocorreu que Ofélia não compartilhasse, com ele, dos
mesmos sentimentos. Cego de paixão, não observou esse detalhe, no entanto,o
cativeiro, era a casa de Langarrona, uma velha feitiçeira, que andava montada
em um bode, por estar cego de paixão, pensou em buscar com a bruxa, alguma
poção mágica, que deixasse Ofélia apaixonada. Algo que funcionasse como uma
flecha de cúpido.
...
Candabul, filho
de Langarrona, a bruxa que andava montada em um bode. Logo o mancebo se
encantou com Ofélia. Dessa vez, a camponesa compartilhou do mesmo
sentimento. O filho de Langarrona se apaixonou pela bela camponesa, sendo
correspondido. Mas havia um contratempo que impedia a história de amor. O inconveniente
atendia pelo nome de Matacabel.
Enciumado,
Candabul, resolveu dar cabo do seu rival. Preparou-lhe uma emboscada em um
local escuro, sem testemunhas. Com a morte de Matacabel, estariam as portas
abertas para viver um grande amor. Apesar de Candabul ter executado sua
ação de forma discreta, agindo sobre as sombras, assim mesmo, é acusado pelo
assassinato de Matacabel, sendo preso, condenado à morte por enforcamento.
Longarrona, sua
mãe, para libertá-lo faz um feitiço, deixando Candabul invisível, assim
consegue fugir de sua sentença de morte. Em comum acordo decidem que Ofélia
retornaria à sua casa, dando as boas novas para os pais, a liberdade do
cativeiro de Matacabel, sendo salva por seu príncipe encantado, o jovem
feitiçeiro, Candabul.
No entanto, os pais de Ofélia, ficam felizes com o
retorno da filha; no entanto, mais uma vez, não lhes agrada a ideia de ter um
feitiçeiro como membro da família.
Os pais de
Ofélia não deixam que volte para os braços de Candabul. Então buscam casá-la
com outro pretendente, buscam um nobre fidalgo. Candabul se desespera. Usando
de seus feitiços consegue matar o pretendente.
E todos os outros que os pais de
Ofélia conseguiam, passando a ser conhecida como a "sempre noiva". O
ódio, pela recusa dos pais, surgiu em seu coração, transformando- o em um homem
mau, estendendo seus feitiços que atingiram as plantações de Don Álvaro.
Candabul foi
preso outra vez, com sua reclusão, os pais de Ofélia puderam organizar o
casamento da filha com o tão sonhado nobre fidalgo. Um bom homem chamado
Fabrício, casaram e foram viver em terras distantes. Candabul, não se deu por
vencido, mesmo com sua execução marcada.
No entanto, sua
mãe entra em cena outra vez, buscando libertar o filho, das garras da lei e da
morte na forca, na noite anterior à execução, sombras negras envolvidas
em fogo, surgem na prisão, causando alvoroço, entre os guardas, apesar do
susto, Candabul, continuou atrás das grades.
Na manhã seguinte, foi levado para
sua execução, de repente, o sol ensolarado da manhã, cede espaço para nuvens
que fecharam o tempo. O céu ficou escuro. Raios , trovões e relâmpagos. O povo
ficou assustado com as nuvens negras feitas de sombras.
Mesmo com a
comoção geral com a mudança do clima, o carrasco deu seguimento a sentença, mas
iniciou-se um temporal, que impossibilitou o uso da forca. Candabul, então, foi
encapuzado e o mataram afogado em uma tina de água.
Após a morte, deveria ser
esquartejado. No entanto, para o susto de todos, o cadáver de Candabul, aos
olhos do presentes, sob forte chuva, se transformou em um burro. Fugiu e foi
parar nas terras de Fabrício, buscando por sua amada Ofélia.
Naquele mesmo
dia, antes de escurecer, já de tardizinha, alguns populares acompanhados de
autoridades locais, foram de encontro da bruxa, pois acreditavam que estava por
trás do mau tempo, que com sua feitiçaria virou um burro e foi pastar nas
terras do nobre fidalgo, Fabrício, que veio a se casar com sua amada Ofélia.
Ao chegarem em
seu antro, onde fazia seus feitiços diabólicos, flagraram a bruxa em pleno
transe, em êxtase, sob efeito de suas poções mágicas, em contato direto com
entidades sobrenaturais, fazendo um novo bruxedo, não teve a percepção da
chegada de seus algozes, que lhe invadiram a casa.
Então, como
vingança, o espírito desencarnado de Matacabel, se alimentando do ódio do povo
que ali estava, fez se presente, como se fosse uma sombra negra, aproximando-se
de Langarrona que fora de si entoava um feitiço:
_ "Olanta In Pus
Nigayo Negabus Ole Olaô Merminhô Nhô Nhôo".
Foram suas últimas palavras, antes que o fantasma, o espírito
desencarnado de Matacabel, a empurrasse para dentro do seu caldeirão que fervia
matando a bruxa.
...